Religião

 

A religião do Irã é oficialmente o Islã xiita duodecimano da escola de jurisprudência Ja'fari, outras escolas islâmicas são respeitadas e seus seguidores são livres para agir de acordo com a jurisprudência própria a cada uma delas, na prática de ritos religiosos, sendo oficialmente reconhecidas em matéria de educação religiosa e vida pessoal. A religião oficial é professada por 98% da população, 90% são do xiismo e quase todos duodecimanos, outros 8% seguem a seita Sunita. 
            Os remanescentes são seguidores de credos não-islâmicos, incluindo Baha'istas,Mandeístas, Yarsanis, Zoroastrianos, Judeus e Cristãos. Os três últimos grupos são reconhecidos pelo Estado e protegidos, tendo assentos reservados para eles no parlamento. Os Baha'ís não dispõem de reconhecimento oficial e têm sido intensamente perseguidos, perdendo direitos e liberdades civis que vedam o seu acesso ao estudo superior e ao emprego. O Irã é a sede da maior comunidade de Judeus da região muçulmana, e a religião de Zoroastro, uma vez predominante, hoje se reduz a poucas dezenas de milhares de praticantes.

ISLAMISMO

O Islamismo não adota a separação de Igreja e Estado, e no Irã tem sido a religião oficial do país, também integrando o seu governo desde a islamização do Irã em torno de 640 d.C. Nos séculos seguintes os xiitas adquiriram influência política, formando o primeiro Estado xiita com a dinastia Idríssida (780-974), regente do Magreb, no noroeste da África. Depois disso a dinastia Alávida (864 - 928) se estabeleceu em Mazandaran, no norte do Irã. Os Alávidas pertenciam à sub-seita Zaidita dos Xia. Essas dinastias tiveram um alcance apenas regional, mas foram seguidas de duas poderosas casas, o Califado Fatímida, surgido em 909 em Ifriqiya, e a dinastia Buída, surgindo em Daylaman em torno de 930, que tiveram um domínio amplo, se estendendo por todo centro-norte do Irã e até sobre o Iraque, perdurando até 1048.Com a ascensão da dinastia Gasnávida os Sunitas suplantaram os xiitas, até que, na invasão mongol, o governador invasor Mahmud Ghazan foi convertido ao Xiísmo, tornando-o o credo oficial do Estado. Os Safávidas se estabeleceram em 1501, tornando o Xiísmo a religião oficial, e ordenando a conversão compulsória e violenta dos Sunitas. Milhares de pessoas que se opuseram foram mortas, e em alguns casos cidades inteiras fora arrasadas. Ismael I, o primeiro governante Safávida, trouxe eruditos Xiítas do Bahrein, Iraque, Síria e Líbano, a fim de pregarem a fé oficial. Sua intenção de converter também os turcos da Anatólia gerou um conflito com o Império Otomano, quando o Irã foi derrotado e a expansão Safávida foi bloqueada. Mas foi com seu sucessor, Tahmasp I, que o império se consolidou e o Xiísmo se espalhou por todo o Irã.

As dinastias sucessivas, até o século XX, oscilaram entre várias sub-seitas, mas entre 1905 e 1911 houve a Revolta Constitucional, que tentou alijar do poder os eclesiásticos e instaurar uma maior liberdade de culto. A revolta estava ligada à influência crescente da Europa, que buscava ocidentalizar o país e explorar o seu petróleo. 
            O resultado do movimento foi a instauração da dinastia Palávida em 1925. A Revolução de 1953, também orquestrada por europeus, causou um ressentimento nacional contra o ocidente que por fim levou à criação da República Islâmica em 1979, na Revolução iraniana. Desde o início da islamização do Irã o Islamismo se tornou uma das forças mais importantes para a formação da cultura iraniana, onde nasceram diversos poetas, médicos, historiadores, matemáticos, literatos, educadores, teólogos, artistas e outros cientistas e eruditos de grande destaque, entre eles Shaikh Saduq, Omar Khayyam, Shaikh Kulainy, Hafez, Muhammad al-Bukhari, Jalal ad-Din Muhammad Rumi,Muslim ibn al-Hajjaj, Hakim al-Nishaburi, Al-Ghazali, Fakhr al-Din al-Razi, Al-Zamakhshari, Nizam al-Mulk, Al-Farabi, Ibn Sina, Sharaf al-Din al-Tusi e Abdul-Qadir Gilani.

OUTRA RELIGIÕES

Existem várias e importantes minorias religiosas no Irã. Bahá'ís cerca de 300.000 a 350.000 fiéis, e cristãos estimados em 300.000, sendo que o grupo maior tem mais de 200.000 adeptos. Grupos menores incluem judeus, zoroastrianos, mandeístas, yarsanbem como minorias tribais, praticantes de religiões locais.

Zoroastrianos, judeus e cristãos são oficialmente reconhecidos e protegidos pelo governo. Pouco depois do seu retorno do exílio, em 1979, em uma época de grande agitação, o líder da revolução iraniana, Ayatollah Ruhollah Khomeini emitiu uma fatwa ordenando que judeus e cristãos fossem bem tratados. Já os Bahá'ís não são reconhecidos ou protegidos pela Constituição do Irã.

Bahá'ís

A maior parte dos não-muçulmanos pertencem ao Baha'ismo, com cerca de 350 mil membros, concentrados em Teerã. Nascido da seita Xia no século XIX, o Baha'ismo foi desde logo considerado uma seita herética, sendo perseguida, às vezes com rigor, tendo membros condenados à morte e suas propriedades sendo confiscadas. Sua situação melhorou na dinastia Palávida, mas organizações ortodoxas continuaram a persegui-los. Em 1955 foi levada a cabo uma ampla campanha contra eles, tiveram sua sede destruída, suas propriedades confiscadas e por um período foram declarados fora da lei. O ayatollah Ruhollah Khomeini declarou que as conversões, como de Judeus para o Bahá'i, eram vedadas, e só poderiam acontecer na direção do Islamismo, sob pena de morte. Acrescentou que eles não teriam nenhum direito civil, pois além de heréticos eram um movimento político apoiado por estrangeiros, e eram também espiões. Acusações de seu suposto envolvimento com assuntos estrangeiros têm sido repetidas amiúde, até pela Presidência, e há evidências recentes para acreditar que o governo planeja erradicar do Irã toda esta religião.

Cristianismo

Os Cristãos iranianos são estimados em trezentos mil, com sua maioria, duzentos mil, composta por membros da Igreja Apostólica da Armênia. A sua presença no Irã é muito antiga, contemporânea à introdução do Islamismo, e se julga que o conceito do Diabo foi introduzido no Cristianismo via Irã islâmico. Outros ramos cristãos presentes são dos Assírios e dos Protestantes O governo reconhece osMandeístas como Cristãos, mas eles mesmos não se vêem assim. Apesar de Cristãos, os Protestantes têm sido às vezes encarados com suspeita pelo governo, e muitos praticam em segredo. Uma igreja Evangélica já foi fechada e alguns muçulmanos conversos ao Cristianismo foram executados, enquanto outros foram presos.

Zoroastrismo

O Zoroastrismo tem uma história milenar, antecedendo em muito o Cristianismo e o Islamismo, e é a mais antiga religião no Irã que sobreviveu até o presente. Durante o Império Persa foi a religião dominante nessa área. Calcula-se em 35 mil devotos por dados do governo, mas esta fé afirma possuir cerca de sessenta mil aficcionados.

Judaísmo

A presença Judaica no Irã data de tempos bíblicos, e sua comunidade é a maior do mundo muçulmano, com cerca de 25 mil membros, mas tem declinado. A grande maioria de iranianos Judeus vive fora do Irã, cerca de cem mil nos Estados Unidos e em Israel 75 mil.